Demorou um pouco, mas as agências de publicidade descobriram que o Twitter pode ser uma eficiente ferramenta de divulgação de produtos e marcas. A novidade é que estão causando polêmica, com o uso de publicidade disfarçada de informação e o aliciamento de tuiteiros em troca de bonés e camisetas.
O caso mais notório é o da marca de biscoitos Club Social, que contratou 13 tuiteiros bem conhecidos para promover o produto. Cada um (a relação completa dos participantes está aqui) tem a obrigação de escrever dois tweets por semana com a palavra “inconfundível”, marca da campanha publicitária do biscoito.
Os comentários no Twitter não precisam ser relacionados ao produto, mas a qualquer coisa que os tuiteiros consideram “inconfundível”. O objetivo da campanha é reforçar a associação entre fatos “inconfundíveis” e o Club Social. Os tuiteiros Didi e Kibe Loco, por exemplo, colocaram no Twitter um link que leva a um programa de tevê sensacionalista, cuja atração é uma briga entre dois anões, e escreveram: “treta de anão é #inconfundivel”
O historiador Juliano Spyer, autor do recém-lançado livro “Tudo que você precisa saber sobre Twitter”, é outro dos tuiteiros da campanha do Club Social. “Não vejo uma malandragem com as pessoas”, diz. “O meu compromisso é apenas oferecer links de coisas legais”.
Spyer, no entanto, lamenta não ter anunciado em seu blog que iria participar da campanha, nem ter alertado os leitores que a palavra “inconfundível” só aparece em textos seus por obra de um contrato publicitário.
Nem todas as campanhas são tão bem aceitas quanto a do Club Social. A marca Puma acaba de experimentar um vexame na tentativa de promover um novo produto, um tênis chamado Puma Lift. A empresa convidou 300 blogueiros e tuiteiros a escreveram o que quisessem sobre o tênis (com base num texto previamente enviado) e ofereceu como recompensa aos dez mais lidos camisetas e bonés da marca.
O texto enviado aos blogueiros, com comentários ridicularizando-o, está circulando na internet. “Quero ver quem será o trouxa que vai cair nessa… essa vai dar o que falar!”, escreveu, por exemplo, a blogueira Ligia Dutra, convidada a participar.
Também tem causado polêmica a movimentação da tuiteira Tessália Serighelli, conhecida como @twittess. Com quase 62 mil seguidores, Tessália criou um “media kit”, que está divulgando em agências de publicidade e junto a potenciais clientes, nos quais oferece os seus serviços como uma divulgadora de notícias e links, e se apresenta como “uma referência junto ao público jovem e para aqueles que buscam um conteúdo seletivo”.
Personagem polêmica no Twitter, Tessalia é acusada de ter engordado a sua lista de seguidores por meio de artifícios condenáveis, como a cópia de listas de outros usuários, inclusive estrangeiros. Ela cobra de R$ 300 a R$ 500 por mensagem comercial postada no Twitter e, como no caso do Club Social, não deixa claro que está fazendo publicidade.
Há poucos dias, @twittess divulgou uma promoção da rede de supermercados Bompreço sem informar do que se tratava. A mensagem era assim: "Oba! Uma promoção bem bacana! Vote aqui: http://migre.me/5n0K, faça o cadastro, e concorra a premios!! MUITO animal: DD #LCD #CEL #Note"
“É tão difícil construir credibilidade...”, suspira a blogueira Rosana Herman. “Precisamos zelar pela mídia onde estamos inseridos. Como cobrar transparência de políticos em Brasília se o nosso próprio meio não é transparente?”, ela pergunta. “Nada contra publicar um post ou tweet patrocinado, mas é preciso avisar os seus leitores”.
O pioneiro na associação do Twitter com publicidade foi o jornalista Marcelo Tas, apresentador do CQC. Diferentemente dos casos citados aqui, Tas tratou abertamente do caso, desde que associou-se com a Telefônica para promover um produto da empresa. Sua página no Twitter é “decorada” de forma visível com a marca e o produto (Xtreme) que divulga.
Alexandre Ingaki, respeitado blogueiro e com forte influência no Twitter, condena a prática de publicidade velada. “Acho bem problemático divulgar uma marca, sem informar que está fazendo isso”, diz o blogueiro. Inagaki, porém, não vê tantos problemas em ações como a do Club Social. “Os tuiteiros são curadores de conteúdos. Não precisam falar do produto, mas divulgar conteúdos relacionados”.
Outro blogueiro e tuiteiro muito conhecido, Carlos Cardoso preocupa-se com a falta de critérios das agências de publicidade e das empresas interessadas em usar as novas mídias na divulgação de produtos. “Eles querem investir, mas não sabem como. Isso está virando um faroeste”.
Matéria veicula em 19/08 - 11:27 - Mauricio Stycer, repórter especial do iG
Exelente material. Este caso da Puma é similar ao caso da Nike em que, sugeriria aos blogueiros 'possíveis parceirias futuras', se eles postassem um texto. Também polêmico foi o caso do i9, da coca cola, com os 9 blogueiros. Sou a favor de que todo post ou tweet pago seja válido desde que fique claro a relação de 'publicidade' no texto.
ResponderExcluirValeu por linkar o banner do blog.
MATEUS