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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Profissionais com formação humana mais complexa


Por  Isabela de Assis

Na edição 14 da revista ‘Comunicação 360°’, que já pode ser lida on-line, os esforços se voltaram para a composição de um panorama da comunicação em 2020. Para isso, foram consultados vários estudiosos e profissionais da área para compartilhar suas opiniões e projeções para a próxima década.
Para refletir sobre comunicação corporativa, convidamos o escritor Ricardo Benevides, coorganizador do livro "Por Dentro da Comunicação Interna: tendências, reflexões e ferramentas" (Ed. Champagnat, 2009). Sobre as características do comunicador desse futuro próximo, Benevides, que é professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso e doutor em Literatura Comparada pela Uerj, aposta em uma formação humana mais complexa, sob ponto de vista interdisciplinar. “A próxima década terá profissionais com domínio teórico-prático muito diversificado com base em estudos da Sociologia, da Antropologia e da História”, acredita. ”Eles serão antenados com as transformações tecnológicas e com investigações nas áreas específicas cada vez mais entrelaçadas”.
Nós da Comunicação – Como você imagina a comunicação corporativa em 2020? 
Ricardo Benevides – 
Acredito que a comunicação corporativa terá mais espaço e apoio político, dentro das organizações, como resultado das transformações que já estão em curso nesse momento. Isto porque temos visto um movimento gradual, mas contínuo, dos últimos dez anos para cá, de empresas em busca de outra maneira de se comunicar, mais profissional, baseada na verdade, ampliando constantemente seu ângulo de visão sobre os interesses dos públicos. Não arriscaria dizer em termos percentuais quantas instituições estão alinhadas com estas ideias em 2010. Porém, em mais uma década, creio que este número aumentará sensivelmente.
Nós da Comunicação – Como os profissionais de comunicação corporativa estarão trabalhando em 2020? Acredita que eles trabalharão de casa, com um aparato tecnológico, ou continuarão trabalhando em agências, escritórios ou dentro de empresas?
Ricardo Benevides – 
Deve aumentar também a incidência do profissional atuando em home-office, mas não tanto quanto supõem os futurólogos deslumbrados pelas inovações tecnológicas. Haverá sempre a demanda pela comunicação face a face, que humaniza as relações e sedimenta as trocas simbólicas entre pessoas e organizações. Numericamente, em função do cenário esperado de incremento do segmento de comunicação corporativa, acredito que teremos mais agências e também mais profissionais empregados no setor privado. O mercado tende ao aquecimento, acompanhando as projeções de crescimento para a nossa economia nos próximos anos.
Nós da Comunicação – Você acredita que estamos caminhando para um 2020 com mais pressões profissionais ou com mais qualidade de vida para esses profissionais?
Ricardo Benevides –
 Nessa matéria, não sou muito otimista. Em primeiro lugar porque já caminhamos um bocado para a compreensão quanto à necessidade de profissionais buscarem equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal. Mesmo assim, vejo a balança pender sempre para o trabalho em doses além do desejável, em detrimento de escolhas que permitam reduzir as tensões profissionais. O problema, acredito, não está tanto nas empresas - que, claro, exercem seus mecanismos de pressão sobre os indivíduos -, mas acima de tudo nos próprios profissionais que muitas vezes não são capazes de negociar com os contratantes as condições mais adequadas para o seu desempenho. Talvez por carregar inconscientemente o peso de serem comunicadores atuando num país com razoáveis índices de desenvolvimento, nos últimos vinte anos, tenhamos esta ocorrência. É como se o senso de oportunidade ocasionasse este comportamento de quem relativiza a carga de trabalho, as cobranças para além do suportável. Tenho jovens ex-alunos que já manifestam sintomas de estresse, trabalhando 12, 15 horas por dia, sempre alegando que são suas empresas as responsáveis por esse fenômeno. Não acho que, a continuar como estamos, em dez anos teremos uma melhora nesses índices.
Nós da Comunicação – Quem serão os profissionais de comunicação corporativa de 2020, que características eles terão?
Ricardo Benevides –
 Minha aposta (e de grande parte da Academia) é de que serão os profissionais com formação humana mais complexa, sob ponto de vista interdisciplinar. Se vivemos no passado a apologia da técnica, do domínio instrumental para profissionais que se lançavam no mercado, hoje já encontramos demandas no segmento da comunicação corporativa que representam desafios para quem é meramente "executor". E isto só tende a se amplificar com o passar dos anos. Muito mais importante do que aprender a fazer é e será sempre aprender a pensar. Por conta disso, acredito que a próxima década terá profissionais com domínio teórico-prático muito diversificado, com base em estudos da Sociologia, da Antropologia e da História, antenados com as transformações tecnológicas e com investigações nas áreas específicas cada vez mais entrelaçadas, a partir dos saberes das academias de Relações Públicas, Jornalismo, Publicidade e Administração.

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