"A empresa que aparece na intranet é uma empresa diferente daquela que a gente vive no dia a dia".
"Onde o pessoal de comunicação interna vive? No país das maravilhas?
Quantas vezes você já ouviu falar nisso? Eu já ouvi isso de algumas empresas com que tive a oportunidade de me relacionar. E basicamente, na maioria das vezes, isso ocorre por alguns motivos recorrentes.
Quantas vezes você já ouviu falar nisso? Eu já ouvi isso de algumas empresas com que tive a oportunidade de me relacionar. E basicamente, na maioria das vezes, isso ocorre por alguns motivos recorrentes.
O primeiro sintoma é que o time de comunicação interna está desconectado da realidade. Este caso é típico daqueles times formados por profissionais que não estudam (ou estudam pouco) a empresa, ou seja, eles não participam da estratégia e da dinâmica das empresas. Eles podem até fazer um bom jornalismo corporativo, mas não produzem o conteúdo que os funcionários anseiam. São profissionais mais preocupados com a forma e a qualidade do texto do que com os resultados de negócio da empresa. Poderia até afirmar que são pessoas que não avaliam adequadamente o impacto do que publicam, apenas reproduzem o que escutam e apuram em suas pautas. Ou seja, ocorre uma espécie de falta de compromisso se aquilo que circula nos meios de comunicação está ou não em sintonia com a realidade da empresa. Isso é mais comum do que imaginamos.
O segundo sintoma é mais forte que o primeiro. É a cultura da comunicação interna institucional. Aquela com conteúdo frio, impessoal e genérico. Aquela que ninguém assina. Aquela onde os funcionários quase não aparecem. Ou seja, é aquela distante do dia a dia do ecossistema da empresa, que inclui funcionários, clientes e parceiros.
O que fazer?
Aí não tem segredo. O caminho é buscar o desenvolvimento de uma comunicação interna com maior participação dos funcionários. Idealmente seria imaginá-la com mais conteúdo gerado pelos próprios colaboradores. Como chegar lá? Um das ações seria motivar os funcionários (inclusive gerentes) a desenvolverem seus próprios depoimentos, contarem suas experiências pessoais através de textos, podcasts, fotografias e vídeos.
Uma alternativa é incentivar a participação das famílias. Os funcionários, em geral, adoram isso. E, acima de tudo, orientar o grupo de comunicação interna para gerar uma comunicação mais orientada a experiências pessoais, mais específica, factual, explorar casos, etc.. As pessoas querem ouvir histórias de pessoas. E, caso a empresa seja média ou grande, é muito recomendável desenvolver iniciativas de comunicação interna orientadas a gerentes, pois são eles os principais responsáveis por influenciar a atitude e o foco dos funcionários.
Acho que esse movimento vai permitir uma comunicação interna muito mais conectada com a realidade da empresa, com suas dores, estratégias e prioridades. Se isso não acontecer de imediato, pode ter certeza que esta estratégia vai permitir identificar alguns ‘gaps’ entre o que o funcionário pensa e o que a empresa imagina. Permitindo, como consequência, o desenvolvimento de uma comunicação mais útil, mais crível e mais transformadora.
Enfim, coloque os funcionários para falar e participar da comunicação interna. Eles têm muita coisa legal para contar. Esse papo lembra o pensamento maravilhoso de Ralf Emerson: suas atitudes falam tão alto que não consigo ouvir o que você diz. Ou seja, não deixe a comunicação interna de sua empresa falando sozinha.
Mauro Segura é formado em engenharia, com pós-graduação em marketing e comunicação. Tem mais de 20 anos de experiência em comunicação, marketing e vendas. Ocupou posições de liderança na Embratel, Intelig e Unisys e, atualmente, é diretor de Marketing e Comunicação da IBM Brasil. Mantém o blog ‘A Quinta Onda’.
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