No meu mestrado em Tecnologia da Informação e Comunicação em 2006, explorei como as possibilidades do fazer televisivo para além das fronteiras do educativo e do entretenimento é um desafio para a universidade. Para compreender esse desafio, distingui duas diferentes concepções de laboratório de um ambiente de aprendizagem para TV universitária: uma diz respeito à prática dos alunos no fazer TV e outra diz respeito à pesquisa de novos formatos e conteúdos para a TV brasileira. Quando me refiro a ambiente de aprendizagem estou pensando em um ambiente que agregue essas duas concepções de laboratório. Estudei, nas propostas pedagógicas de duas televisões universitárias, uma pública e outra privada, as concepções de ambiente de aprendizagem, no que se refere à televisão, e os critérios utilizados para selecionar os conteúdos dos programas. Finalmente, observei como o conhecimento científico gerado pelas pesquisas é administrado e utilizado na criação de formatos e conteúdos de programas. Fiz oito entrevistas com professores e alunos. Apliquei o Modelo da Estratégia Argumentativa – MEA - para analisar os argumentos utilizados pelos entrevistados na defesa de seus pontos de vista. O MEA baseia-se na Teoria da Argumentação, tradição iniciada por Perelman e Olbrechts-Tyteca. Os resultados mostraram que, nas duas televisões pesquisadas, as práticas usuais concentram-se na cobertura dos eventos universitários e no laboratório de aprendizagem. A diversidade de concepções dos participantes deixou expostas ambigüidades e, em alguns casos, contradições. Os resultados mostraram ainda que o conhecimento científico acumulado sobre televisão é desconsiderado pelas duas tevês pesquisadas. Estas ainda não conseguiram desenvolver um ambiente de aprendizagem capaz de comportar um laboratório de pesquisa de novos formatos e linguagens para a televisão brasileira.
Me. Ricardo Nespoli Coutinho
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